Jornal «Maré Viva» de 9 de Julho de 1998

«Estar na lnternet» é o título do livro de Manuel Lemos editado pela McGraw-Hill de Portugal e que foi lançado na passada 6ª feira, dia 3, na Livramar. A iniciativa, que contou com a presença do autor, serviu também para se falar e esclarecer muitas das dúvidas que ainda subsistem acerca da Net, um «mundo» que só tem sido alvo de adesão mais maciça de há cinco anos a esta parte, pelo que muito ainda haverá para explorar.

Manuel Lemos é licenciado em engenharia electrónica e telecomunicações pela Universidade de Aveiro, tendo nesta sua presença em Espinho aproveitado para apresentar o serviço interactivo «É na Net» (que pode ser consultado em http://www.e-na.net/), que contém extractos do livro e onde os utilizadores podem colocar as suas questões sobre o tema.

Numa primeira intervenção, o autor teceu algumas considerações, afirmando que o livro «pode ajudar não só os utilizadores que não possuem qualquer conhecimento como também aqueles que frequentemente se encontram confrontados com algumas dúvidas; é um livro para portugueses, já que, normalmente, quando se fala da Internet recorre-se a termos ingleses criando-se assim alguns obstáculos; além de ser um livro actual e com perspectivas de futuro, o que num mundo que evolui todos os dias só é possível através de um estudo das tendências».

O livro divide-se em vários capítulos, fazendo uma abordagem abrangente e perceptível, tocando as várias vertentes da Internet: aspectos técnicos e sociais, serviços disponíveis e, a finalizar, a conclusão onde o autor faz uma pequena dissertação sobre tudo aquilo em que este novo mundo veio alterar a sua vida. Uma das características muito positivas do livro reside no facto de ser uma obra que se prevê seja actual pelo menos durante os próximos cinco anos.

Já no período de intervenção do público, a questão da segurança e privacidade que a Net pode oferecer aos seus utilizadores despoletou um aceso debate, na medida em que, na actual «aldeia global», os utilizadores que acorram a este serviço podem estar em contacto com milhares de pessoas ou navegar pelos pontos mais díspares do nosso planeta, pelo que o receio vai pairando na mente dos nossos utilizadores.

Quanto a este assunto, o convidado referiu que «o problema da segurança só se coloca a nível das transacções comerciais, mais concrectamente com o pagamento através de cartões de crédito, serviço este perfeitamente possível e, de resto, muito utilizado; no entanto, esta questão da segurança é tão válida e eficaz quanto no comércio personalizado, dependendo essa segurança da instituição com quem nos relacionemos, ou seja, fazer compras via lnternet não é nem mais nem menos seguro quanto numa loja no caso de o pagamento ser feito por cartão multibanco». Quanto à privacidade, há a possibilidade de «violar as mensagens dos utilizadores, mas isso não é algo de muito usual, além de que existem meios que permitem privacidade absoluta, sendo para tal necessário que os utilizadores tenham uma maior bagagem de conhecimentos e uma maior preocupação e esforço».

Em conclusão, Manuel Lemos afirmou que, «apesar de a privacidade e a segurança não serem totais, estas intromissões não são algo de usual, o problema é falar-se do assunto com demasiado alerta».

C.H.C. in Jornal «Maré Viva» de Espinho em 9 de Julho de 1998.